O auditório da Biblioteca e Arquivo Municipal de Felgueiras recebeu, no dia 26 de outubro, a segunda das três sessões de “Conversas sobre Arqueologia”, promovidas pela autarquia e que decorrem até ao final do mês de novembro.
Na sessão o arqueólogo Marcelo Medes Pinto do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Felgueiras/ Investigador do CITCEM (Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória – FLUP), apresentou os resultados preliminares do “Achado de Sendim” e a sua relação com a Villa Romana de Sendim. Durante a sessão ficou patente a importância destes novos dados para o estudo da transição do mundo romano para a Idade Média não só no concelho de Felgueiras, mas também para a região do Entre Douro e Minho.
No sopé do Castro de Sendim, num esporão junto à igreja paroquial, encontra-se a Villa Romana de Sendim, remodelada e ampliada, tal como a vemos hoje, nos finais do século III e inícios do século IV, resultando da transformação de uma casa edificada entre os meados do séc. I e os inícios do séc. II, ininterruptamente habitada até aos meados do séc. VI, e podendo ainda parte das suas ruínas ter sido ocupada nos alvores do século VII.
Com a chegada dos Suevos em 411, e consequente ocupação deste território, o terror inspirado pela instalação dos bárbaros fez com que as populações locais tentassem esconder os seus haveres mais valiosos.
Foi nesse contexto que apareceu casualmente, na encosta do Castro de Sendim, um conjunto formado por uma almotolia em cobre que continha onze quilos de moedas romanas em bronze do século III, IV e V (cerca de 6.500 moedas), uma fivela de cinturão em latão e 32 ferramentas de carpintaria e marcenaria (formões, goivas, limas, afagadeira, enchó, argolas, grampos, etc).
Atualmente em estudo, e já devidamente restaurado, o achado de Sendim ficará exposto no Centro Interpretativo da Villa Romana.
A próxima conversa será a última, no âmbito deste ciclo de conferencias, e intitula-se “Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro”; realiza-se no dia 23 de novembro, pelas 15h00, no Auditório da Biblioteca e Arquivo Municipal .
As escavações do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro permitiram estabelecer com rigor a diacronia da sua construção, iniciada nos finais do século IX e continuada ao longo dos séculos XII e XIII, e revelaram os alicerces e a planta da famosa Galilé, acrescentada em finais do século XIII, onde se mostravam as armas de toda a nobreza do Reino.
As sessões são abertas ao público em geral e prometem fornecer aos participantes um maior conhecimento sobre a arqueologia e o património da nossa região.