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Felgueiras debate Arqueologia e Património em terras de Sousa e Tâmega

O auditório da Biblioteca e Arquivo Municipal de Felgueiras foi palco do primeiro debate, inserido no ciclo de conversas sobre Arqueologia e Património, promovido pela autarquia e que decorrem durante os meses de setembro, outubro e novembro.

Na primeira conversa foi abordada “A Necrópole Medieval de S. Vicente de Sousa”. A escavação da necrópole associada à Igreja de S. Vicente de Sousa permitiu situar cronologicamente com maior precisão a época da sua construção, fornecendo novos dados sobre os inícios do Românico do Vale do Sousa.

A vereadora da Cultura, Ana Medeiros, esteve na sessão, agradeceu a participação do público e sublinhou que esta conversa “é o retomar de um projeto iniciado em 2018, que tem por base dar a conhecer à população a identidade do concelho, a sua história e, simultaneamente, contribuir para a divulgação do nosso vastíssimo património arquitetónico”.

Em síntese, nesta primeira conversa, os participantes ficaram a saber que na Idade Média era usual as populações enterrarem os seus mortos ao redor das igrejas, junto aos seus muros e mesmo no seu interior. Entendia-se que aqueles que faleciam deviam ser entregues à igreja e sepultados em terreno sagrado.

É nesse contexto que surge no século XII a necrópole (cemitério) da igreja S. Vicente de Sousa e cuja construção deve ter seguido o ritmo construtivo da própria igreja, estendendo-se as sepulturas, progressivamente, desde a lateral da capela-mor ao longo de toda a parede norte da nave, invadindo posteriormente o próprio adro.

As escavações arqueológicas realizadas em 2010 e 2014 puseram a descoberto três tipos de sepulturas: sepulturas antropomórficas, com a cabeceira em arco e os ombros bem desenhados, sepulturas ovaladas, e sepulturas trapezoidais, provavelmente já resultantes de uma continuidade de utilização do espaço cemiterial na Baixa Idade Média e na Idade Moderna.

Este cemitério, que se estendia por baixo do atual, parece ter sido utilizado entre os inícios da construção da igreja, em meados do séc. XII, e os meados do século XVI.

A Igreja parece ter começado a ser construída mais cedo do que se pensava, estando a sua capela-mor já concluída em 1162 e sendo a igreja referida num documento de 1176, provavelmente por iniciática senhorial da família dos condes de Celanova, que com os Sousões detinham o padroado do mosteiro de Pombeiro.

 

Próximas conversas sobre Arqueologia e Património em terras de Sousa e Tâmega

 

A próxima conversa está agendada para o dia 26 de outubro, altura em que o arqueólogo Marcelo Medes Pinto falará sobre o “Achado de Sendim”.

O Achado, junto ao Castro de Sendim, e nas proximidades da Villa Romana de Sendim de cerca de 11 Kg de moedas romanas de cobre do século IV e V, juntamente com uma fivela de cinturão em bronze dentro de uma almotolia em estado quase intacto de conservação, associados a um conjunto de utensílios e ferramentas de marcenaria, para além da sua importância intrínseca dão valiosos dados sobre a época da chegada dos suevos a esta região do Noroeste e da passagem do mundo romano ao mundo bárbaro.

No dia 23 de novembro realiza-se a última conversa, no âmbito deste ciclo e intitula-se “Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro”.

As escavações do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro permitiram estabelecer com rigor a diacronia da sua construção, iniciada nos finais do século IX e continuada ao longo dos séculos XII e XIII, e revelaram os alicerces e a planta da famosa Galilé, acrescentada em finais do século XIII, onde se mostravam as armas de toda a nobreza do Reino.

As sessões são abertas ao público e prometem fornecer aos participantes um maior conhecimento sobre a arqueologia e o património da nossa região.

As conversas, subordinadas ao tema “Arqueologia em Terras de Sousa e Tâmega” são orientadas pelo arqueólogo Marcelo Mendes Pinto do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Felgueiras.